O perfume Forest foi lançado no ano de 2018 mas, como conto na página da marca, o perfumista Nadeem Crowe decidiu reformular suas fragrâncias por causa das mudanças impostas pela IFRA. Então, esta resenha irá tratar da versão atual, relançada no início de 2020.
Forest possui 18% de óleos essenciais em sua composição, que carrega notas de cipreste e pinho, trabalhadas com resina de elemi e olíbano, na saída. No centro da pirâmide olfativa, foram combinadas notas de pimenta preta, incenso e notas verdes (a página do fabricante não cita a nota da cannabis oficialmente, como na fragrância de 2018). Por fim, a base traz o almíscar branco, junto com o cedro e o patchouli. Uma observação: as fragrâncias não levam corantes artificiais.
Forest significa, em Língua Portuguesa, Floresta. O que você pensa quando imagina uma fragrância com esse nome?
Pois bem, eu sempre pensei em terrenos úmidos, cobertos por folhas no chão, galhos secos se partindo sob os meus passos, cheiro de terra molhada misturada com musgo, pouca luminosidade, etc. Acho que minhas memórias se dividem entre brincadeiras da infância e trilhas que fiz pelos arredores da Ilha Grande (RJ), já adulto.
E aqui está um tipo de fragrância difícil de ser replicada. Muitos podem utilizar a ideia de árvores e mata fechada em seus conceitos, mas poucos conseguem transformá-los em realidade. Ou você se depara com uma fragrância muito fougère e cheia de nuances musgosas de aspecto datado, ou você encontra um aromático de base amadeirada com alguma fruta tropical, sem falar naquelas que jogam um acorde aquático a fim de nos fazer pensar em uma linda cachoeira.
Em Forest, o perfumista vai direto ao ponto e nos teleporta para uma floresta isolada no meio de uma ilha deserta. É o cenário perfeito para um reality show de sobrevivência!
Na pele, a fragrância explode extremamente balsâmica. Há um teor aromático e verde muito presente, que joga minha imaginação para pinheiros cobertos de neve e cenas natalinas. Porém, esse romantismo fantasioso some, instantaneamente, dando lugar a um outro tipo de imagem.
Agora, a mata é mais densa e sombria. Ainda não é noite, mas já está escuro e qualquer ruído assusta! Ao caminhar, fios sedosos de teias de aranha grudam no cabelo. Um cheiro picante toma conta do ar, enquanto a neblina começa a dificultar a visão. É preciso encontrar um lugar seguro para passar a noite.
Uma rocha úmida serve de proteção. Alguns galhos mais secos queimam em uma pequena fogueira acesa manualmente, coisa de sobrevivente. Um cheiro de fumaça se mistura com o musgo das rochas e dos troncos. É difícil fechar os olhos e descansar, mas o cansaço vence. A fragrância de Forest (2020) não se mantém exalando por muito tempo, mas possui boa durabilidade.
Então, um novo dia surge e a caminhada continua, com uma deliciosa sensação de ar puro entrando pelos pulmões. Sem notar, você olha para o lado e percebe que jamais saiu do seu escritório, na cidade. Mas aquela sensação estranha, de que olhos brilhantes continuam te observando, permanece.