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LA JONQUILLE, DE O.U.i

Perfumart - resenha do perfume O.U.i - La Jonquille

La Jonquille Eau de Parfum foi lançado em 2022 e faz parte da Coleção Fleurs Éternelles (Flores Eternas), que presta um tributo às flores eternas da alta perfumaria. São três fragrâncias, todas em Edição Limitada, nas quais os protagonistas são ingredientes inesperados, repletos de simbolismo e personalidade: o narciso, a violeta (La Violette) e o hyssopo (L’Hysope).

Obviamente, o conceito criativo de La Jonquille gira em torno do narciso, mas vale esclarecer alguns pontos.  Aqui, tudo se refere ao Narcissus jonquilla, que também é conhecido por junquilho-legítimo. Há um outro junquilho, que se refere às frésias, e que também é conhecido por açucena-do-rio e lírio-do-vento, mas este é da família das Iridáceas. Especialistas explicam que são flores diferentes, nas quais o narciso tem uma flor por caule, enquanto o junquilho tem um grupo de flores por caule.

A inspiração para a criação desta fragrância foram os jardins da península de Saint-Jean-Cap-Ferrat durante o verão, com seus campos de narcisos amarelos. La Jonquille Eau de Parfum combina notas de bergamota, tuberosa e ylang-ylang, no topo; flor de laranjeira, gerânio, violeta e um acorde solar, no corpo; musk e cedro, no fundo.

E da mesma forma como aconteceu com a fragrância de L’Hysope, aqui também não utilizaram o ingrediente para qual se presta a homenagem, no caso, o narciso. É possível obter seu absoluto através de solventes e o seu perfil olfativo é floral branco, opulento, animálico, com nuances verdes e até balsâmicas. Sendo assim, esta criação é uma interpretação do cheiro desse absoluto traduzido em facetas evolutivas.

Assim que borrifada sobre a pele, a fragrância de La Jonquille abre com um frescor discreto, proporcionado pela bergamota. Um grande diferencial desta fragrância é a presença de flores narcóticas logo no topo, o que funciona muito bem – neste caso – porque as facetas trabalhadas em ambas as notas foram as mais verdes e neutras, ao invés das mais carnais.

Em seguida, o corpo da fragrância revela um bouquet floral dominado pela flor de laranjeira e o tal acorde solar. E, novamente, tenho outro elogio a fazer: quando a gente lê acorde solar, imediatamente pensamos naquelas fragrâncias com cheiro exagerado de protetor solar, com doses altas de tuberosa. Mas aqui, temos um aspecto mais natural e floral.

Por fim, a base levemente amadeirada transforma La Jonquille em uma fragrância de presença duradoura e memorável. A combinação de ingredientes selecionados traduz um perfume atemporal, perfeito tanto para momentos diurnos quanto para noites especiais. Todavia, das três fragrâncias dessa Coleção, esta aqui é a mais feminina de todas, característica que eu não estava apontando nas outras.

A performance é excelente, apresentando um floral branco e leve para uso diário, que mistura tendências atuais com toques clássicos. Como fã de tuberosa e ylang-ylang que sou, não consigo ser mais imparcial que isso.


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BORRIFANDO CONHECIMENTO HÁ ANOS. Crítico de fragrâncias, jurado de premiações nacionais nas categorias de perfumaria fina e cosméticos masculinos, além de consultor particular de estilo em fragrâncias e criador do Perfumart, maior blog especializado no assunto.

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