Le Male Elixir chegou ao mercado em julho de 2023 e chamou atenção de todos ao apresentar um frasco que poderia, facilmente, ser comercializado como uma Edição de Colecionador. A impressão que dá é de que o marinheiro do universo Le Male agora veste uma armadura dourada, com um acabamento texturizado e metálico tão bacana, que a gente sente o investimento ao tocar o produto. Sem dúvida, item de colecionador!
Não vou explorar muito o storytelling, pois termos como sedução, desejo e sensualidade ardente já eram esperados. A fragrância de Le Male Elixir foi criada por Quentin Bisch e a grife a classifica como âmbar-aromática-amadeirada. Ela traz notas de lavanda e menta, no topo; Baunilha e benjoim, no corpo; Fava tonka, mel e tabaco, na base.
Para entender o hype que veio com o lançamento desta fragrância, precisei recorrer ao Le Male Le Parfum que estava intacto aqui no meu acervo e que me exigiu um tempo maior de análise. Isso porque os rumores não são falsos: Le Male Elixir tem semelhanças com Le Male Le Parfum e, na minha opinião, é mais um flanker deste último do que, propriamente, do original Le Male. E antes que eu esqueça: a versão Le Parfum é Eau de Parfum Intense, enquanto esta versão Elixir é Parfum. 🤔
A cor dourada não engana e Le Male Elixir trouxe toda a carga gourmand que a gente espera das fragrâncias que nasceram depois do marco chamado 1 Million (cuja grife pertence ao mesmo Grupo, a PUIG). Assim que borrifada sobre a pele, a fragrância se mostrou muito genérica, pelo menos para mim. A lavanda não é sóbria, como na versão original, e sinto um cheiro muito vivo de sálvia esclareia (não declarada), que costuma trazer um dulçor muito singular.
Esse é o fator mais complicado em Le Male Elixir: a saída é similar à de dezenas de fragrâncias já lançadas e isso pode comprometer uma possível venda. Mas calma, pois o enredo melhora!
Depois de cerca de dez minutos na pele, o benjoim opera um milagre e transforma a fragrância em algo mais pesado e quente, que combina muito bem com o cheiro mentolado que ainda exala. É aqui que as similaridades entre as versões Le Parfum e Elixir começam a aparecer. Todavia, se você as comparar, aplicando uma em cada pulso, vai notar que a anterior é picante, enquanto esta é mentolada.
Neste estágio da secagem, Le Male Elixir já está muito mais agradável e atraente. E é, também, a parte mais importante da fragrância, pois é a que perdura por mais tempo e chama atenção de quem sente. O DNA do gigantesco pilar Le Male se faz presente, especialmente pela baunilha-mentolada, mas há mais uma surpresa por vir: o tabaco.
Se tem algo que merece elogios nesta composição é a nota de tabaco. O perfumista conseguiu a proeza de balancear o dulçor da baunilha, que seca sobre uma nota – exagerada – de mel e, ainda por cima, envelopa o aspecto quente e oriental da fava tonka. O resultado é uma base mais encorpada e misteriosa, com facetas herbais e caramelizadas.
Le Male Elixir exala muito e dura de maneira exemplar, o que é lugar comum para um perfume de Jean Paul Gaultier. Achei um bom lançamento e até entendo o hype, pelo histórico da marca, mas acho um pouco sem fundamento. No final das contas, quem já teve um perfume do pilar A*Men (Thierry Mugler) ou similares, não vai se encantar e vai dizer que é “mais do mesmo”.
O ponto mais bacana – e menos comentado por aí – é o fato de ser uma fragrância bastante compartilhável. Alô mulheres, vocês precisam experimentar Le Male Elixir!
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Aos que, como eu, amam perfume: resenha é um texto de caráter opinativo, em que o autor descreve e analisa uma produção a fim de influenciar os seus leitores, recomendando o seu objeto pelas suas boas qualidades, ou rejeitando pelos seus excessos e defeitos. Trata-se, por isso, de edificação de texto que prescinde a ausência de vieses, ideologias, sempre com neutralidade.
Cassiano Silva, meu mais que amigo e consultor, consegue em seus escritos transcender aos limites de uma simplória resenha, criando verdadeiros poemas sobre fragrância, com o conhecimento que lhe é peculiar e com a sua sempre imparcialidade que o difere da grande maioria dos “críticos”.
Essa resenha estava sendo muitíssimo aguardada por mim, já que sou incondicional fã e colecionador de Jean Paul Gautier, e não me decepcionou. Texto leve, bem desenvolvido, enquadrado, organizado, de conhecença e, claro, de muita responsabilidade opinativa.
Tenho certeza que todos que a lerem, apesar de saciados, ficarão com gosto de quero mais! Obrigado por tanto!
Obrigado, querido!