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LE MALE LE PARFUM, DE JEAN PAUL GAULTIER

Perfumart - resenha do perfume Gaultier - Le Male Le Parfum

Le Male Le Parfum é um perfume de julho de 2020. Sua distribuição começou pela Itália, Espanha, Oriente Médio e pelos países da União Benelux. Seu conceito criativo fez o universo Le Male abandonar o foco nos marinheiros para que todos pudessem voltar seus olhares na direção do chefe da embarcação.

A fragrância é classificada pela grife como amadeirada-âmbar e foi criada pelos perfumistas Natalie Gracia-Cetto e Quentin Bisch. Desta vez, a pirâmide olfativa traz notas de cardamomo, no topo; lavanda e íris, no coração; baunilha e acorde oriental, no fundo.

Os códigos do pilar foram mantidos, através das notas de lavanda, cardamomo e baunilha, mas é claro que isso não significa completa similaridade com a fragrância original, até porque estamos tratando de um dos maiores pilares da perfumaria mundial, com mais de 50 variações, considerando as edições limitadas e algumas que não alteram o suco.

Visualmente, Le Male Le Parfum causou um grande impacto ao inserir um frasco 100% preto em uma coleção que sempre explorou tons azuis e verdes como identidade visual. Agora, uma coisa precisa ficar clara: o nome é Le Parfum, mas a concentração é Eau de Parfum Intense.

Por mais que eu seja fã do original Le Male (bem como da maioria das fragrâncias de Gaultier), infelizmente não cheguei a conhecer nem 50% deste pilar. Mas posso afirmar que Le Male Le Parfum é uma das melhores composições lançadas na última década, dentro dessa família de marinheiros.

Em primeiro lugar, a fragrância não é mentolada; ela é picante! Há uma enorme diferença entre o efeito gelado que a menta oferece e a picância refrescante do cardamomo. E essa saída, que traz consigo a forte presença da lavanda, me entrega um pouco do aspecto fougère de outrora, porém, com um certo ar de modernidade.

Em segundo lugar, a fragrância não é doce; ela é amadeirada e levemente atalcada. Não demora muito para que a íris apresente seu lado mais seco. O ponto aqui é que a íris está cremosa e elegante. Não há qualquer intenção de dominar e trazer aquele famoso cheiro de lascas de lápis apontado. Na pele, fica um cheiro floral-aromático-picante com ar de maturidade.

Em terceiro lugar, a fragrância não agride; ela é consistente e parece buscar um patamar de elegância. Ou seja, não é a primeira escolha dos jovens baladeiros cujo perfume compete por um espaço nas narinas alheias.

Para mim, Le Male Le Parfum é uma grande surpresa! Sua fragrância poderia estar em qualquer frasco de grifes um pouco mais tradicionais, como Lanvin ou Rochas, e o público jamais iria dizer que se trata de um flanker do pilar Le Male. E talvez seja esta, exatamente, a tentativa de voltar a conversar com um público mais velho, algo que foi abandonado pela comunicação da marca nos últimos 15 anos.

Na minha pele, a projeção não é absurda, mas a durabilidade é muito boa. Sem dúvidas, um grande acerto e um verdadeiro resgate aos quarentões bem cuidados da atualidade que, por algum motivo, haviam abandonado a grife. Retorno garantido ao pódio!


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BORRIFANDO CONHECIMENTO HÁ ANOS. Crítico de fragrâncias, jurado de premiações nacionais nas categorias de perfumaria fina e cosméticos masculinos, além de consultor particular de estilo em fragrâncias e criador do Perfumart, maior blog especializado no assunto.

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