O perfume Pasha de Cartier foi lançado em 1992, seguindo uma tendência que começara no final dos anos 80, quando os fougères deixaram de lado o aspecto extremamente musgoso e passaram a trazer nuances mais florais e acordes adocicados. Eram os fougères modernos, hoje considerados vintage.
O criador da fragrância foi Jacques Cavallier e a composição conta com notas de menta, lavanda, mandarina, anis e cominho meridiano, no topo. No coração, jacarandá, coentro e acorde floral-especiado, obtido através da flor de mel. Na base, sândalo, patchouli, ládano e musgo de carvalho. De acordo com o fabricante, Pasha Eau de Toilette é um fougère-aromático.
Na pele, Pasha de Cartier abre com nuances frescas e bastante aromáticas. Quem não gosta do cheiro de anis ou de ingredientes com certo parentesco, como a erva-doce, não vai gostar desta fragrância desde o início. A lavanda se mistura e traz aquele aspecto de barbearia, que ganha um pouco mais de reforço mentolado, lembrando algumas loções pós-barba daquela geração.
Com a evolução, Pasha se mostra mais amadeirado e parece descer dois tons na escala musical, aqui chamada de projeção. Dessa forma, é possível notar um ponto de equilíbrio maior e um estilo mais familiar, que representava a elegância para os homens daquela época, quando pensamos nas fragrâncias disponíveis até então. Também é neste ponto da evolução que fica fácil identificar as semelhanças com fragrâncias de estrutura similar, como Safari (Ralph Lauren), Jazz (YSL), etc. Mas vale lembrar que este último nasceu primeiro, em 1988.
As nuances adocicadas escondidas em Pasha são resultado da flor de mel, como é conhecido o Alisso, que costuma atrair vários insetos polinizadores. O sândalo e o patchouli reforçam essas nuances e o musgo de carvalho fica menos agressivo. O toque final de requinte vem com o ládano, aqui muito mais ambarado do que coriáceo.
O frasco foi inspirado no modelo de relógio que leva o mesmo nome. A história conta que o modelo foi encomendado pelo Sultão de Marrakech e criado por Louis Cartier, em 1932. Ele queria um relógio que pudesse usar no banho ou no mar, sem preocupações, e Pasha foi o primeiro relógio à prova d’água da grife, entrando na coleção oficial em 1943. Por isso, a tampa do perfume se parece com o pino de ajustes do relógio.
Dito isso, imagine o homem que usa um relógio Pasha no pulso, além de suas vestimentas e estilo de vida. Se você conseguiu criar uma imagem na sua mente, então você já pode imaginar como é o cheiro de Pasha Eau de Toilette. Sem dúvidas, um belo perfume, capaz de transmitir a sofisticação daqueles anos e ainda adorado por muitos e com performance muito boa, sempre prezando pela elegância padrão dos clientes da marca Cartier.
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Foi meu perfume assinatura por anos. P mim, o melhor perfume da casa.
Mais refinado e aconchegante q o Safari.