Pourpre d’Automne (Outono Púrpura (ou Roxo), em Português) foi criado, originalmente, em 1924. Seu frasco trazia flores pintadas e foi idealizado por Lucien Gaillard. Com a revitalização da Maison Violet, foi o primeiro perfume a ser revisitado, praticamente, de forma obrigatória.
A nova versão ficou pronta em 2017 e contou com o talento da perfumista Nathalie Lorson (que também assina as outras duas fragrâncias de relançamento). Sua composição oficial lista notas de absoluto de folhas de violeta e raiz de íris, abrindo caminho para um coração com notas de musgo e absoluto de rosa Búlgara, sobre a base, que traz benjoim e almíscares. Além disso, a fragrância conta com um acorde frutado, que confere nuances de pêssego e ameixa.
Pourpre d’Automne é um daqueles perfumes florais que tem cor, cheiro e sensação. É como a mais púrpura das violetas na janela ou a mais roxa das fitas de cetim, formando um laço gigantesco que segura o papel de seda, de tom lilás suave, que envolve o mais belo dos arranjos de flores.
Na pele, há um misto de inocência com impulsividade, mostrando um lado inicial floral e adocicado pelas frutas com uma leve evolução pulverulenta da íris. Há muitos anos não sentia uma fragrância com esse teor tão natural de violetas (as flores, não as folhas) a ponto de me lembrar do perfume que meu avô materno usava (fabricado em Portugal pela clássica Saboaria e Perfumaria Confiança).
Como se não bastasse essa memória olfativa tão especial, a fragrância parece não perder a força nunca e é como se as flores durassem por mais de uma semana em um lindo jarro, perfumando o ambiente de forma incessante. E isso se reflete sobre a pele e, também, ao redor, algo que precisei administrar na segunda vez de uso, pois fui obrigado a diminuir o número de sprays, tamanha projeção.
Embora seja uma releitura, Pourpre d’Automne carrega uma aura clássica, completamente diferente do que está no mercado atual. É como assistir a um filme antigo estrelado por Elizabeth Taylor e não ficar hipnotizado pela cor violeta de seus olhos. Naquela época, não havia tantos efeitos especiais, mas a qualidade das produções era irrepreensível, assim como na perfumaria.
Na Maison Violet o outono tem cor e tem cheiro: é Pourpre d’Automne.
*imagem: reprodução / maisonviolet.com
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