Un Air d’Apogée (Um Ar de Apogeu, em Português) foi criado, originalmente, em 1932. A nova versão ficou pronta em 2017 e trouxe a assinatura da perfumista Nathalie Lorson. O conceito criativo é belíssimo, pois afirma que o efeito desejado com a fragrância é prender a pessoa que a usa e submeter aquela que a cheira.
Sua composição oficial lista notas de cabeça de sálvia e mimosa; notas de corpo de absoluto de tabaco dos Balcãs, couro e raiz de íris; notas de fundo de cedro do Atlas, absoluto de ládano e ambroxan.
Un Air d’Apogée traz uma nova interpretação para fragrâncias da família do couro. Contudo, na pele, o resultado não representa somente uma faceta acourada, pois este perfume se desenvolve em estágios e famílias olfativas diversas, trazendo desde nuances florais até nuances especiadas.
A fragrância também carrega alguns compostos químicos comuns, como geraniol, limoneno, cumarina, etc. e apresenta nuances que lembram camurça e mel durante a evolução. Esse cheiro de mel não é completamente inovador e quando ele resolve aparecer, me faz lembrar de uma fragrância bem conhecida do mercado de massa. Ainda assim, não é a parte que prevalece e, por incrível que pareça, as notas ficam indo e vindo, deixando um cheiro instável sobre a pele, ora quente e doce, ora aromático e mais versátil.
Na minha pele, as notas de mimosa, ládano e tabaco são as mais dominantes. De certa forma, minha interpretação tende mais para um couro lascivo, sensual e até sexual, do que para um couro utilizado para vestimentas, como luvas, botas ou jaquetas. E talvez seja esse o contexto de submissão citado anteriormente.
Ao contrário da aura retrô de Pourpre d’Automne, Un Air d’Apogée é mais moderno e se encaixa no perfil da indústria vigente, principalmente, no que diz respeito à Perfumaria de Nicho. Tem boa projeção e ótima fixação e combina melhor com temperaturas amenas.
Como dizem na Maison Violet, este perfume não busca embelezar a pessoa que o possui, ele a completa.
*imagem: reprodução / maisonviolet.com