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SAN JUNIPERO, DE L’ENVIE PARFUMS

Perfumart - resenha San Junipero

San Junipero é o perfume de número três da coleção de fragrâncias corporais da L’Envie Parfums. Sua fragrância é definida como um buquê floral de notas frias e picantes.

O conceito criativo vem de um misto de inspirações. A perfumista Fanny Grau havia apresentado um ensaio com notas evidentes de zimbro (as bagas do Junípero) e, na mesma época, o fundador Fábio Ottaiano havia assistido ao episódio da série de TV Norte-americana “Black Mirror”, que se chamava San Junipero. Daí, seu nome.

A composição lista notas de saída de bergamota, gengibre, framboesa, lentisco e acorde verde, que abrem caminho para um corpo floral com notas de néroli, íris, jasmim Sambac, gardênia do Tahiti e flor do cravo, sobre uma base de heliotrópio, almíscares, patchouli e cedro.

E o que vem a ser o lentisco? O lentisco, também conhecido por mástique, é a goma obtida da árvore do gênero Pistacia Lentiscus (da família do pistache). É muito utilizada na fabricação de fármacos, cosméticos e até materiais para construção, como vernizes. Na perfumaria, está presente em criações mais refinadas como Habanita (Molinard), Solo Atlas (Loewe), Overture (Amouage), Ere (PK Perfumes), entre outras. Seu cheiro é balsâmico e fresco.

Quando toca a pele, a fragrância de San Junipero é floral e delicada, com muita evidência para a nota de íris. Ao mesmo tempo, um frescor medicinal começa a se fazer presente e um lado especiado e gelado também surge. É uma picância quase alcóolica, que envolve o corpo floral (como se fosse uma redoma), mantendo a beleza das flores, porém aprisionando qualquer aspecto exagerado ou excessivamente feminino.

San Junipero exala gardênias, íris e heliotrópio e não muda muito durante a evolução. Dentre as três fragrâncias que pude avaliar até o momento, esta é a que possui a alma mais feminina, embora seja totalmente compartilhável. Também é a mais diferenciada no quesito criatividade, ainda que muitos possam associá-la com alguma variante da Linha Infusion, da grife Prada.

Visualmente, San Junipero repete o padrão da grife, com frascos cilíndricos minimalistas, que trazem a logo de um lado e o nome do perfume do outro. Aqui, o marrom presente nos números #001 e #002 dá lugar à cor verde.

Antes de encerrar, vale comentar sobre o amadeirado leve que surge bem no final da secagem, mas não chega a alterar o resultado. E com relação à performance, San Junipero é mais leve e não exala tanto, pelo menos na minha pele. A durabilidade é boa, mas é provável que você se pegue cheirando os pulsos de vez em quando, tentando encontrar vestígios da fragrância.


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BORRIFANDO CONHECIMENTO HÁ ANOS. Crítico de fragrâncias, jurado de premiações nacionais nas categorias de perfumaria fina e cosméticos masculinos, além de consultor particular de estilo em fragrâncias e criador do Perfumart, maior blog especializado no assunto.

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