Segredo é o novo nome dado pela Tania Bulhões ao seu perfume de 2021, antes conhecido como Patchouli. Isso é resultado do reposicionamento da marca para seu pilar de perfumaria fina, processo que ocorreu em 2023. A empresa afirma que não houve reformulação da fragrância.
Segredo traz uma fragrância classificada como amadeirada-oriental (embora, atualmente, já não se use mais o termo oriental no mercado de fragrâncias. Neste caso, seria amadeirada-âmbar). Ela traz notas de pimenta rosa, na saída; gerânio, ruibarbo e íris, no corpo; couro, musk e patchouli, na base.
Na pele, a fragrância se mostra intensa e bastante masculina, especialmente nos primeiros instantes. Dá para sentir um frescor, como da toranja, um toque extra de picância, como da pimenta preta, e um efeito levemente terroso.
Eu sempre gostei da nota de ruibarbo em fragrâncias masculinas, porque traz um traço metalizado bem característico. Mas aqui, confesso que essa faceta não se destaca, pois o perfumista tentou trabalhar mais o aspecto vegetal, na intenção de equilibrar o dulçor e o lado empoeirado da íris. Aliás, uma bela íris, encantadora e bastante delicada.
Mesmo assim, a espinha dorsal desta fragrância está no couro e no patchouli. Mas não aquele patchouli com jeitão de Woodstock e anos 70, quente e terroso. Nesta composição, o patchouli traz mais de suas nuances de chocolate, ficando bem fácil de agradar. Também não estão declaradas, mas sinto o cheiro de notas de sândalo, baunilha e um acorde incensado, ao fundo.
Esta fragrância me traz boas recordações, especialmente dos anos 90, quando os perfumes masculinos eram mais pesados e você não se decepcionava com amadeirados ou orientais, como ainda eram chamados. Depois dos anos 2000, tudo começou a ficar monótono, com notas de canela e patchouli extremamente artificiais e doces, numa tentativa de aparentar jovialidade, mas deixando de lado a personalidade.
E o mais engraçado de acompanhar esse processo, atualmente, é ver o crescimento estrondoso nas vendas das fragrâncias “árabes”, justamente porque trazem de volta, ao mercado, a opulência e os acordes intensos de mirra, âmbar, patchouli, oud etc. E se formos considerar a estrutura desta fragrância e compará-la com tantos outros do mercado de nicho internacional (guardadas as devidas proporções de projeção e longevidade), iremos perceber que ainda temos boas opções nacionais nesse sentido.
Para mim, Segredo se mostrou uma grata surpresa e foi ótimo terem mudado seu nome, porque tem mais cara de camurça (suede) do que de patchouli. Exala de forma razoável e tem boa durabilidade, deixando um cheiro chique e sóbrio sobre a pele. Já citei antes, mas vale repetir: todas as fragrâncias da marca são vendidas como sem gênero, mas esta aqui, na minha opinião, usa terno e tem pelos e barba.
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