Puredistance M V2Q, o novo perfume da Puredistance Master Perfumes, será lançado mundialmente, ainda neste mês de setembro de 2022. Mais uma vez, me sinto honrado por ter sido procurado pelo próprio fundador da empresa, ainda em junho, quando recebi o primeiro spoiler desta nova fragrância que, vale ressaltar, não é um flanker do perfume M (2010). Em julho, o material já estava em minhas mãos e o primeiro post compartilhado nas redes sociais pode ser conferido aqui.
Para esclarecer o conceito, a nova fragrância de M V2Q foi criada por Antoine Lie (responsável por outras fragrâncias da marca, como Black, Gold, White e Aenotus). A sigla indica a segunda versão de M (V2) aliada à tecnologia fornecida pelo personagem Q e o uso do modelo Vanquish, automóvel da grife Aston Martin que já foi utilizado por James Bond. O storytelling revela que a versão original foi inspirada no universo do James Bond interpretado por Sean Connery, enquanto a nova transmite o estilo de Daniel Craig e deixa o caminho aberto para o seu sucessor.
Na prática, a ideia não foi reformular. A Puredistance decidiu correr o risco de relançar o seu primeiro e único perfume declaradamente masculino, em troca da transparência com um público fiel, que é exigente e investe na Alta Perfumaria e na exclusividade que a marca oferece.
A fragrância do novo Puredistance M V2Q traz notas de flor de laranjeira do Marrocos, pimenta rosa de La Réunion e essência de lavanda Provençal, no topo. Em seguida, o coração é aquecido por notas de canela de Madagascar, Cypriol indiano, alcatrão de pinheiro francês e jasmim Sambac. Por fim, surge uma base adocicada com notas de patchouli de Achém (na Indonésia), baunilha de Madagascar, ládano espanhol, fava tonka da Venezuela e Cedro do Texas.
Na pele, Puredistance M V2Q mostra todo o poder dos seus 28% de concentração. A nota de flor de laranjeira é extremamente potente e, na minha percepção, segue o caminho daquelas fragrâncias que listam a essência da Flor de Azahar. Embora indiquem a mesma coisa, a Citrus Sinensis é doce, enquanto a Citrus Aurantium é azeda e, por serem árvores distintas, suas flores também geram óleos com nuances diferentes.
A pimenta rosa confere um leve tom floral, enquanto a lavanda tenta emergir e ganhar fôlego, mas seu tom aromático não fica muito perceptível. Já a nota de cypriol é mais evidente, especialmente no instante da aplicação. Mas ela também perde espaço para o jasmim indólico da composição, que se apresenta muito mais floral do que eu esperava.
O perfil acourado de Puredistance M V2Q demora muito para aparecer e, mesmo quando isso acontece, vem com uma dose extra de baunilha e patchouli que, na minha opinião, abafam toda a beleza do ládano. Na minha pele, a fragrância se mostrou muito mais floral-ambarada e feminina, do que coriácea e masculina. Não que eu estivesse esperando por algo de aspecto cru e seco, sem qualquer possibilidade de uso por parte das mulheres. Mas o resultado é desequilibrado e não parece fazer parte da família Puredistance.
Ainda que comparações não devessem ser feitas, é impossível não confrontar esta versão com a anterior, uma vez que sou apaixonado pela sua fragrância. E se aquela me parecia totalmente adequada à sua época, esta me parece extemporânea. Sou capaz de pensar em, pelo menos, duas fragrâncias similares já lançadas por grifes mais acessíveis (o que também não é demérito, mas foge da proposta da marca).
Para quem busca potência, Puredistance M V2Q tem performance absurda, exala muito e dura mais de dez horas na pele. Me rendeu inúmeros elogios, já na primeira vez de uso, é perfeitamente unissex e se encaixa em várias lacunas que aprecio. Todavia, verdade seja dita, não me transmite a imagem do agente James Bond. Está mais para uma das “Bond Girls”, sempre belas e nada indefesas!
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