O perfume Vanille Bourbon foi lançado no final de julho de 2022 e conseguiu chamar a atenção durante o mês de agosto, quando as temperaturas ainda estavam baixas e o público-alvo da empresa demonstrava curiosidade sobre mais um lançamento do perfumista Fábio Condé.
Desta vez, o perfumista escolheu um vidro de cor bordô que, em mãos, não é tão roxo quanto o frasco que aparece na página da empresa. Mas é diferente o suficiente para não gerar confusão com a cor rubi do frasco de Boisée Rouge.
Vanille Bourbon não explora um conceito rebuscado, baseado em um storytelling criado por magos do marketing. Desta vez, o perfumista decidiu explorar a liberdade criativa que permeia o seu segmento e, simplesmente, focou na nota de baunilha, uma de suas preferidas (se não for a maior delas).
A pirâmide olfativa lista notas de rum, licor e ameixa, no topo; benjoim, incenso, âmbar e acorde floral, no corpo; sândalo, fava tonka, baunilha e ambretone (que embora o nome sugira âmbar, pertence à família dos musks animálicos), na base.
Na pele, esta nova fragrância segue o estilo potente de outras criações da marca, como Ambré Beige e Tabac D’Or, mas não é tão simplória como alguns fazem parecer, quando mencionam adjetivos do tipo: ameixa marcante ou baunilha rebuscada. Deixem-me explicar como funciona!
Primeiro, pegue uma garrafa de Bourbon envelhecido, daqueles que o teor alcoólico faz os olhos lacrimejarem, só de servir uma dose. Em seguida, transfira o conteúdo para um pote de tampa hermética e adicione ameixas amarelas. Quanto mais maduras, melhor!
Para temperar, em vez de fazer uso da tradicional canela em pau, entrou a fava tonka, mais doce e amendoada. Aqui, o perfumista achou que faltava uma dose extra de dulçor, então adicionou o benjoim, que trouxe um efeito de melaço.
Agora, Vanille Bourbon já começa a ganhar forma e cheiro, mas falta o principal: a baunilha, que deu nome ao perfume. Então, uma fava de baunilha úmida é inserida no pote e lá permanece, macerando por mais de 30 dias, no fundo de um refrigerador escuro. Assim nasceu o “acorde secreto Condé” que, posteriormente, foi trabalhado com toques florais e sândalo. 😉
Na pele, Vanille Bourbon tem performance irrepreensível, o que já era de se esperar. Seu perfil olfativo e a construção favorecem o resultado e a minha experiência nos dias mais frios, com temperatura média de 10° C, foi prazerosa, sem exagerar nas borrifadas.
E assim como vamos nos habituando com as assinaturas que alguns perfumistas conferem às suas criações, ao longo dos anos, Fábio Condé também já imprimiu a sua, mesmo com pouco tempo de mercado. O lado negativo dessa história é, justamente, o risco de confundir os consumidores e cair no buraco da comparação rasa, aquela que diz que “quem tem um, não precisa do outro”.
Para mim, Vanille Bourbon não nasceu para seguir uma tendência, tampouco é um pedido de permissão. É, simplesmente, o desejo antigo de criar uma baunilha gourmand, agora materializado.
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