A cor amarelo-alaranjada do líquido expressa o que está por vir. Em meio às criações femininas da casa, Paradise é, sem dúvidas, a mais unissex. Ouso dizer que, inclusive, deveria ser comercializada como tal. É claro que é importante salientar que trata-se de uma fragrância de família floral. Mas a base confere um ar mais compartilhável, que surpreende positivamente. Na minha opinião, é um perfume floral-amadeirado, no qual a parte floral mostra o lado feminino, enquanto a outra, sugere o lado masculino que todos nós temos, de alguma forma, não importa o gênero.
Na composição, Paradise traz notas de saída de mandarina, bergamota e romã; notas de coração de madressilva, orquídea azul e flor de laranjeira e, na base, notas de almíscar incensado, especiarias, patchouli e baunilha.
No início, é mais ardido, já que tem nuances cítricas e a presença da romã, que confere aspecto frutado e leve. Logo em seguida, as flores dominam, mas um cheiro quase atalcado começa a surgir, nos levando para os anos 80, com fragrâncias florais-orientais cheias de personalidade. Só que este efeito atalcado não é envelhecido, mas incensado, como nas varetas que compramos e queimamos. Então, as madeiras se enroscam na cremosidade da baunilha e a fragrância termina a sua evolução.
A personalidade da fragrância não vem de hoje, já que foi lançada em 1989 e, mesmo sofrendo atualizações exigidas pelo mercado, ainda continua muito boa.
Fãs de fragrâncias femininas como Dune (Dior) e outras unissex como Fleur du Male e Gaultier² (Gaultier), que ultrapassam barreiras de gênero, irão gostar deste perfume.
*imagem: reprodução / www.lilibermuda.com