Esta grife de perfumes de nicho foi completamente inspirada na arte da fotografia.
O fotógrafo desta obra foi Flávio Veloso e a imagem conceitual foi tirada na minha Cidade Natal – Rio de Janeiro – em um dos pontos turísticos mais famosos do mundo: o Corcovado. O fotógrafo conseguiu capturar aquele momento especial do amanhecer, quando o céu é pintado por tons de dourado.
A perfumista foi Dora Baghriche-Arnaud, que já criou para L’Artisan Parfumeur, Versace, YSL, etc. e também foi a responsável pela fragrância anterior, focada no mesmo tema: Still Life.
Still Life in Rio foi a primeira fragrância a abrir um subtema dentro da linha de perfumes da casa, no qual foi escolhido um local específico como destino, ampliando o poder criativo do perfumista. Depois desta criação, de 2014, a empresa lançou uma outra, no início de 2018, tendo como destino a cidade de Nova Iorque: Flash Back in New York.
Também vale repetir uma informação que poucas pessoas sabem e que me foi dita pela própria criadora da marca: assim como ocorreu com Still Life (de 2011), uma das grandes inspirações desta fragrância foi a sensação de tomar uma caipirinha apreciando o pôr do sol no Arpoador, Rio de Janeiro. A diferença é que na anterior, a nota de yuzu desempenhava papel primordial, enquanto nesta, a composição ganhou notas bem brasileiras, como a água de coco e a copaíba.
A fragrância é composta por notas de yuzu, gengibre, limão, menta e mandarina, na saída; combo de pimentas (preta, rosa e malagueta) e água de coco, no corpo; rum, copaíba e acorde de couro branco, na base.
Se na fragrância original, o yuzu e o gálbano traziam uma acidez e um teor quase amargo, neste flanker o gengibre ganha destaque ao lado do limão. Mais uma vez, o teor cítrico domina, respeitando o briefing criativo e o DNA da fragrância anterior.
Com o passar do tempo, essa fase cítrica perde força e um cheiro mais cremoso, como de loção hidratante, surge. Depois disso, pouca coisa se revela, enquanto que a mente continua tentando identificar as nuances de rum e couro, que poderiam ter atribuído muito mais profundidade e personalidade à fragrância, como já pude sentir em outros perfumes que combinam notas de limão e couro, por exemplo.
Com relação à Copaíba, talvez o mercado internacional não tenha muito acesso à essa nuance, mas para nós, brasileiros, fica difícil aceitar menos do que estamos acostumados a encontrar nas fragrâncias da Natura. E aqui, não é uma nota muito perceptível, infelizmente.
Enquanto a fragrância anterior me fez lembrar de Guerlain Homme durante alguns momentos, Still Life in Rio traz lampejos de Armani Code Sport Athlete e L’Eau D’Issey pour Homme Sport, principalmente na fase inicial.
O ponto positivo é a naturalidade da fragrância, que traduz a qualidade das matérias-primas utilizadas. Além disso, possui fixação muito boa, levando-se em consideração a volatilidade de suas notas. Tanto esta versão quanto a anterior são ótimas opções para quem vive em locais de muito calor durante a maior parte do ano. Talvez seja necessário reaplicar no meio do dia, mas vale a pena para matar a sede da pele…e da alma.
*imagem: reprodução / www.olfactivestudio.com
Latest posts by Cassiano Silva (see all)
- Parceria entre Coach e Interparfums segue até 2031. - 22/03/2025
- L’Oréal adquire participação na Amouage – O que vem por aí? - 02/03/2025
- PORTINARI ABSOLUTO, DE O BOTICÁRIO - 17/01/2025
- STYLETTO ELEGANCE, DE O BOTICÁRIO - 17/01/2025