O perfume Aenotus foi lançado em março de 2019, após cerca de três anos de constantes tentativas até conseguir dar vida ao que seria a fragrância assinatura de Jan Ewoud Vos, fundador e diretor criativo da Puredistance Master Perfumes. E para conseguir tal proeza, ele pediu a ajuda do perfumista Antoine Lie, responsável por outras fragrâncias da casa, como Puredistance Black, Puredistance White e Puredistance Warszawa.
O conceito por trás de Aenotus pedia por uma fragrância refrescante, mas que não sumisse em pouco tempo, independente da volatilidade de suas notas. Além disso, o resultado precisava ser delicado, para não colidir com o padrão de qualidade das demais fragrâncias de Puredistance. Obviamente, a tarefa foi complicada e para que o resultado esperado fosse alcançado, foi necessário aumentar a concentração de essência, chegando a 48%. Até então, o volume mais alto havia sido na fragrância de White, com 38%. E o nome vem de Aeolus, deus dos ventos, na Mitologia Grega.
Aenotus contém notas de saída de laranja, mandarina, limão e yuzu. No corpo, traz menta, sementes de groselha preta e petitgrain. Na base, carrega musgo de carvalho, patchouli e almíscares. Como parte do segmento de nicho e alto luxo, é comercializado para ambos os sexos. Entretanto, sinto um apelo comercial muito maior em direção ao público masculino, até mesmo porque sua criação teve, como intuito, representar algo bastante particular para o fundador da marca.
Na pele, Aenotus não foge muito do padrão clássico dos perfumes Puredistance, com exceção de Sheiduna e M, que julgo serem os mais modernos. E por essa razão, não foi difícil identificar nuances de aspecto vintage, logo na saída, me remetendo a perfumes masculinos de uma época em que notas de limão e petitgrain ditavam as regras do mercado.
Na minha pele, Aenotus começa com uma abertura cítrica e musgosa e evolui para uma fragrância mais leve e sensual, ficando rente à pele, mas com ótima durabilidade. É difícil descrever esse cheiro sem traçar um parâmetro comparativo, uma vez que inúmeras memórias olfativas surgem a cada vez que uso. E talvez tenha sido essa a intenção de Jan Ewoud ao criar esse briefing: trazer memórias de um passado que não é muito distante, mas que se perdeu com a evolução comercial.
Para transmitir o que sinto, posso dizer que Aenotus me parece uma releitura de Pour Monsieur de Chanel (1955), misturado com as facetas frutadas e ácidas da groselha preta, sobre uma base de leve teor musgoso e nenhum aspecto atalcado.
Até o presente momento, pude conhecer todas as fragrâncias desta casa e ouso dizer que Aenotus é a mais italiana delas, embora tenha nascido em maio de 2015, em Paris.
*imagem: reprodução / www.puredistance.com


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