KENZO HOMME, DE KENZO

Kenzo Homme foi lançado em 1991 e se chamava Kenzo pour Homme. É uma daquelas fragrâncias atemporais, feitas nos moldes da época, quando perfumes levavam dezenas de notas diferentes, capazes de projetar e durar, praticamente, o dia inteiro na pele. Esse tipo de criação, nos dias de hoje, é raridade. As fragrâncias atuais estão sendo criadas de forma minimalista, com menos acordes e mais componentes sintéticos, inclusive, por causa das restrições impostas pela indústria.

Tive contato com a fragrância original na minha adolescência e me lembro que ela foi a principal responsável por eu ter uma certa restrição com os demais perfumes da marca. Definitivamente, eu não me dou muito bem com perfumes ricos em notas de pinho. Mas eu jamais poderei criticar a qualidade desta criação. Já se passaram décadas e eu ainda conheço homens que são fiéis a ela.

Muito se fala de reformulações. Até onde eu sei, não foram quatro, como se pensa. O que ocorreu, foi a mudança na embalagem (new packaging) e nos frascos, por mais de três vezes. A versão vintage (neste caso, o termo se emprega bem) vinha em uma caixa clara, imitando madeira e o frasco era escuro e com folhas em alto relevo, além da tampa. Na primeira mudança, o frasco foi mantido, mas a caixa passou a vir num tom escuro, meio cinza-azulado. Até aqui, pelo que me consta, não houve reformulação. Na mudança seguinte (3ª versão), a caixa passou a ser branca e trazia um bambu impresso em diagonal e o frasco passou a ser liso, além de trazer o spray embutido (como na versão fresh). Foi a mudança mais significativa e, pelo que já li por aí, a 1ª reformulação na fragrância. Mais tarde, por volta de 2007, uma 4ª versão foi lançada, trazendo o modelo vigente, cuja caixa traz 2 bambus sobrepostos e retos, o frasco traz as folhas entalhadas em baixo relevo e o nome passou a ser apenas Kenzo Homme. Esta tem sido a identidade visual da linha desde então.

A inspiração foi construir uma fragrância em torno do universo vegetal e do marinho, representados pelo bambu azul e pela água. Por isso, o frasco sempre trouxe a imagem do bambu, que se enverga, mas não quebra, símbolo de poder e flexibilidade no Japão.

A composição é feita por notas de bergamota, sálvia, limão, mogno e acorde ozônico, na saída; Pinho, cedro, noz-moscada, cravo (flor), jasmim, lírio do vale, zimbro, íris, pêssego, alcarávia, rosa e erva-doce, no coração; Sândalo, âmbar, almíscar, musgo de carvalho, ládano, vetiver, patchouli e bálsamo de abeto, na base.

Esta versão atual ficou bem mais fácil de ser usada. O lado balsâmico e musgoso do passado, que era muito vivo ao meu olfato, não me incomoda mais. Agora, a fragrância se apresenta como era de se esperar – mais aromática e marinha, com uma saída ozônica e viril, que traz um coração pulsante de flores e especiarias, cheio de nuances adocicadas e aromáticas, rumo à uma base amadeirada com tons herbais e aspecto cremoso.

Para quem já gostava, não há muita diferença, segundo relatos que eu já li. A não ser para os fãs daquele cheiro balsâmico forte de outrora, o único ponto negativo é a longevidade. Hoje, dura 10 horas na pele. No passado, durava o dia inteiro! A projeção continua excelente.

Se você, assim como eu, não gostava deste perfume nos anos 90, está na hora de dar uma 2ª chance.

The following two tabs change content below.

• Bio
• Latest Posts

Cassiano Silva

BORRIFANDO CONHECIMENTO HÁ ANOS. Crítico de fragrâncias, jurado de premiações nacionais nas categorias de perfumaria fina e cosméticos masculinos, além de consultor particular de estilo em fragrâncias e criador do Perfumart, maior blog especializado no assunto.

Latest posts by Cassiano Silva (see all)

• SOLFÉRINO, a nova marca de perfumes da Interparfums. - 20/11/2024
• Em evento inédito, O Boticário reafirma a força da perfumaria nacional. - 05/11/2024
• Cartões olfativos podem influenciar na escolha de perfumes. - 23/10/2024
• Luxo Olfativo: a perfumaria fina de Tania Bulhões. - 02/08/2024